segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tempo seco muda paisagem da capital



Ipês roxo e amarelo são algumas das espécies que florescem durante o inverno.



Paisagem acinzentada, árvores peladas e sem flores. Esta pode até ser a imagem que passa pela cabeça de muitos quando se fala em inverno, entretanto, está longe de ser a realidade goiana durante esta estação. Árvores de todos os formatos e flores de todas as cores é o que vemos entre junho e setembro nas cidades brasileiras situadas no Cerrado, que possui características singulares perante os biomas do mundo todo.
Ipês roxo e amarelo, barrigudas, chuveirinho, canela de ema, roxinha... Todas estas plantas são algumas das espécies que florescem durante o tempo seco, contrariando expectativas, alegrando a cidade na época do frio. Para a coordenadora do Laboratório de Sementes do Instituto do Trópico Subúmido (ITS) da PUC Goiás, professora pesquisadora Marilda da Conceição Ribeiro, isso ocorre devido a fatores como mudanças no comprimento do dia, na umidade e na temperatura.
“Nós, que trabalhamos com biologia, acreditamos que as plantas florescem a partir de sinais aos quais chamamos de florígenos. E são fatores ambientais que proporcionam estes sinais químicos. Daí temos, na passagem do outono para o inverno, uma baixa na temperatura, na umidade, na luminosidade e na duração dos dias. Então, as plantas que se adaptaram ao florescimento nestas condições desabrocham aí.”
Luz
O que a pesquisadora explica é que, com a pouca incidência de luz, as folhas ficam inativas devido a baixa na realização de fotossíntese, fator que, aliado à pouca umidade, provoca o desfolhamento. É neste momento que “volta a exuberância da floração”, já que estas espécies dispensam a folhagem para a produção de sementes. “Nestas plantas, as sementes se produzem no momento chuvoso e se dispersam no tempo seco. São as sementes aladas e secas”, explica. Já espécies que produzem frutos carnosos, como o pequizeiro, já precisam de umidade para germinar.
Ela conta que o Cerrado é um bioma bastante “singular”, e que estas características não são encontradas nos demais ecossistemas brasileiros, como o da Mata Atlântica e do Pantanal, obtendo características correspondentes apenas nas savanas. “São escassos os trabalhos sobre isso”, reclama. Ela reforça, entretanto, que cada espécie é resultado dos mecanismos de adaptação que desenvolveu.

Fonte: O hoje , por Taynara Borges                                            

Nenhum comentário:

Postar um comentário