segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Estação florida


A primavera ainda não chegou no calendário, mas é justamente no inverno goiano, quente e seco.

A força e a beleza do Cerrado não se perdem nem mesmo nesta época de seca. Justamente quando o sol aparece quente e a umidade baixa é que os ipês, por exemplo, ficam mais fartos dos cachos de flores. A floração é uma reação da própria natureza. “A árvore se sente ameaçada e no intuito de perpetuar sua espécie emite a floração. Em seguida, ocorre a frutificação, com as sementes sendo espalhadas pelo vento”, explica o engenheiro florestal Antônio Esteves dos Reis, gerente de Arborização da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), em Goiânia.

Um olhar mais atento às margens das calçadas e lá estão alguns ipês rosas, amarelos, roxos ou brancos dando um colorido à paisagem que, neste mês, começa a ficar rigorosamente menos verde. O engenheiro conta que a arborização está espalhada pelo Centro, bairros e periferia da cidade. “Vemos alguns ipês-rosa na saída para Guapó e em bairros residenciais. A paineira, outra espécie do Cerrado, e que floriu muito no mês passado, pouco antes dos ipês, pode ser vista em grande quantidade nos setores Pedro Ludovico e Cidade Jardim”, cita. No Jardim América, ainda há quaresmeiras com flores. E em alguns pontos da BR-153, que corta o Estado, salpicam uns poucos pontos de ipês-amarelos.

No Centro da cidade, há predominância de espécies exóticas, aquelas que não pertencem ao nosso bioma, como a sibipiruna, a munguba, o fícus, a palmeira imperial e o flamboyant, que também presenteou a população com suas flores até o mês passado. As espécies nativas do Cerrado se adaptam facilmente ao solo pobre e ao déficit hídrico tão comum na nossa região por pelo menos três meses do ano. “Por isso, em todos os processos em que os contribuintes solicitam a remoção de árvores, se há a necessidade de retirada acertamos com eles um termo de compromisso para garantir que o replantio da nova muda será de espécies do Cerrado”, explicou Antônio Esteves.

Ele conta que a equipe da Amma analisa as características do local onde a árvore foi retirada para facilitar a escolha da nova espécie a ser plantada. O engenheiro florestal explica que há, principalmente, uma preocupação com a rede de distribuição de energia. “A poda não deixa de ser uma mutilação, então espécies com portes médio e baixo sofrem menos, arborizam, embelezam e não trazem prejuízos”, destacou. No quesito resistência, as espécies do bioma Cerrado também saem ganhando.

Quando se fala em árvores com flores típicas do Cerrado, os ipês vêm logo à cabeça e, sem dúvida, estão entre as árvores mais conhecidas pelas pessoas. São símbolos desse bioma de características tão peculiares e que se distribui numa longa extensão do território brasileiro. Não há região onde não exista pelo menos uma espécie dela. No mês de agosto, época em que se inicia a floração, é que o ipê fica mais bonito e é justo nesta época que a árvore desperta a atenção das pessoas.

O ipê é uma espécie de heliófita, ou seja, planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta e decídua, que perde as folhas em determinada época do ano. É um grupo de dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas, rosa, roxas, e até verde, que ocorre somente na Mata Atlântica. É adequado para o paisagismo urbano e, independente da cor, um ipê florido é sempre um convite à apreciação e, com toda certeza, uma bela foto para a posteridade. Mas que se apressem os admiradores: a floração é curta e logo a exuberância estará no solo onde as pétalas das flores que caem das árvores formam um bonito tapete no chão, sinalizando que o tempo da seca, da desfolha, chegou mesmo.

Fonte: Jornal O Hoje

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